sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Março - o mês do futebol feminino

Pode-se dizer que março (este ano final de fevereiro) é o mês, ano após ano, em que mais seleções femininas entram em competição, nos três torneios mais relevantes e reconhecidos como de grande importância na promoção e divulgação do futebol feminino (28 seleções no total).

O mais antigo de todos é a "nossa" Algarve Cup, cujo pontapé de saída ocorreu em 1994, numa organização conjunta da FPF com as federações nórdicas da Suécia, Noruega e Dinamarca. Escolheram o Algarve como destino, pelas suas potencialidades de alojamento e infraestruturas desportivas mas (atrevo-me a dizer), especialmente pelas condições atmosféricas favoráveis que é costume encontrar-se a sul do pais por essa altura do ano permitindo aos  nórdicos fugirem do frio que se faz sentir nos seus países. Num formato inicial de 6 equipas, passando para 8 (fórmula que foi repetida em 2016 quando neste período se realizaram os torneios de qualificação - zonas asiática e europeia - para os Jogos Olímpicos desse ano, no Brasil) e, finalmente, para as 12 seleções que se verifica atualmente.

Em 2008, aproveitando o facto de não ser possível dar resposta a todas as solicitações para a participação na Algarve Cup (que já tinha 14 anos de experiência, sempre em crescendo), surge a Women´s Cyprus Cup, disputada no mesmo período que o "nosso" torneio. Curiosamente, a seleção do Chipre nunca participou neste torneio.

Finalmente, em 2016, após a conquista do campeonato do mundo de 2015, os Estados Unidos da América divulgam a "She Belives Cup", que é uma extensão da campanha com o mesmo nome, concebida e desenvolvida pelas atletas da seleção feminina dos EUA, que se traduz num movimento para inspirar e encorajar as raparigas e mulheres na prossecução dos seus objetivos e sonhos, sejam eles desportivos ou de outro âmbito.

Uma coisa é certa, bons espetáculos estão garantidos em todos os torneios, uma vez que das 30 seleções melhor classificadas, somente 9 não estarão presentes nestes torneios. 

Vamos por partes.

Algarve Cup 2018:
O grande nome que surge, depois da nossa seleção (Portugal sempre), é a presença das duas seleções finalistas do EURO2017, Holanda (campeã) e Dinamarca (finalista vencida), numa final memorável com muitos golos e futebol de ataque (afinal não é disto que o povo gosta?). O ranking das seleções presentes neste torneio começa na Austrália (4), Canadá (5), Holanda (7), Japão (9), Suécia (10), Dinamarca (12), Coreia do Sul e Noruega (14), China (16), Islândia (20), Rússia (25) e termina com Portugal (38).

A Algarve Cup tem sido, ano após ano, o torneio de excelência na preparação da seleção nacional para os desafios futuros. Este ano não será exceção tendo em vista a recuperação para a qualificação do Campeonato do Mundo de 2019, em França. 

Foi, também, durante as edições iniciais o torneio que possibilitou às atletas de então defrontar seleções com um nível competitivo bem superior e permitir que estas crescessem. A competição internacional não tinha a dimensão atual e os momentos competitivos eram escassos para potenciar uma seleção que tinha estado em banho maria durante 10 anos. Se alguém tiver curiosidade, basta consultar o sítio da FPF e ver os resultados alcançados após a participação na Algarve Cup. Fica o desafio.

Os jogos da seleção nacional desta edição vão ser jogos contra seleções que habitualmente não ocorreriam se não fosse neste torneio, em especial contra a Austrália e China. A Noruega já é um velho conhecido e parceiro desta aventura no Algarve desde a primeira edição. Esperam-se bons espetáculos e que a nossa seleção ganhe sempre. Mas se isso não for possível, que permita e possibilite preparar e afinar estratégias para a qualificação que decorre. 

Women´s Cyprus Cup 2018
Este ano, a federação organizadora será a República Checa. O aparecimento desta competição permitiu que mais seleções estivessem em competição e serve, a exemplo da Algarve Cup, de preparação intensiva das seleções para as competições futuras. Os moldes da competição são iguais aos do "nosso" torneio e as seleções deste ano começam na Espanha (13, vencedora da edição passada da Algarve Cup, na sua primeira participação), Suíça e Itália (17), Áustria (21), Bélgica (22), Finlândia (28), República Checa (34), País de Gales (35), Hungria (43), Eslováquia (47), Trinidad e Tobago (48) e encerram-se com a África do Sul (54). 

Algumas das seleções que participaram inicialmente neste torneio "saltaram" para a Algarve Cup, casos da Holanda e do Canadá.

She Belives Cup 2018
Desde 2016,primeira edição desta competição que se realiza nos Estados Unidos da América, que as equipas que o disputam são sempre as mesmas: EUA (1), Alemanha (2), Inglaterra (3) e França (6), ou seja, as primeiras três do ranking FIFA. Excluindo a Inglaterra (participante assíduo da Women's Cyprus Cup), as selções dos EUA e da Alemanha "fugiram" da Algarve Cup, tendo qualquer uma destas seleções vencido várias edições, com os EUA à cabeça (10 triunfos). A Alemanha conquistou o troféu por 3 ocasiões.

Excluindo o quadrangular que se disputa no outro lado do Atlântico, podemos afirmar sem qualquer hesitação, se olharmos apenas para o ranking das seleções, que os jogos da Algarve Cup terão muitos mais motivos de interesse por parte dos adeptos do futebol feminino. No Chipre estarão duas seleções que disputam o apuramento para o Mundial com Portugal, Itália e Bélgica e contra quais Portugal terá que inverter os resultados alcançados para poder aspirar à qualificação.

Estes torneios, especialmente os que se disputam em solo europeu, despertam, ainda, a curiosidade de muitos agentes e representantes de jogadoras bem como movem observadores dos quatro cantos do mundo.

Que seja um período de excelência de preparação para a nossa seleção rumo aos objetivos futuros.

Se puderem, não deixem de se deslocar até ao Algarve e ver em ação algumas das melhores jogadoras e seleções mundiais. 

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Sport Lisboa e Benfica - o projeto em execução

Depois do anúncio que o SL Benfica iria mesmo aventurar-se no futebol feminino, conforme tinha prometido, começam agora a surgir as primeiras noticias (uma confirmada e outras a aguardar seguramente melhor data).

Ora o primeiro anúncio oficial surgiu dia 16/01/2018, pouco mais de um mês do chamado pontapé de saída do futebol feminino no SL Benfica, com a contratação da guarda-redes Dani Neuhaus. A 17/01/2018, surge a noticia de que teriam também contratada  a avançada Darlene Reguera, mas ainda sem confirmação oficial (ou eu não encontrei). No entanto, podemos agradecer desde já a esta atleta a informação que partilhou com todos os adeptos do futebol feminino nacional nesta entrevista ao divulgar alguns detalhes do projeto que está a ser preparado. Nesse mesmo dia desfaz-se o mistério de quem será o futuro treinador da equipa em formação mas, a acreditar na notícia, só será apresentado em fevereiro (quem sabe no dia 4 de fevereiro... a ocorrer nesse dia será cirurgicamente pensada). Não seria suposto apresentar o treinador em primeiro lugar e depois começar a divulgar as atletas entretanto contratadas? Teria mais lógica pois será pouco plausível que o SL Benfica proceda à contratação de atletas sem o aval do futuro treinador. Uma coisa percebe-se de imediato: não estão para brincadeiras.

Nenhuma equipa atualmente está a salvo de ter atletas a serem contactadas para representar o SL Benfica, incluindo o SC Braga e o Sporting CP, sendo que nestes a dificuldade será seguramente acrescida. O que se antecipa é que todas as atletas (profissionais e não profissionais) a atuar em Portugal podem procurar negociar e melhorar as suas condições contratuais uma vez que há um outro clube com possibilidade de oferecer mais e melhores condições. Talvez o anúncio de atletas a jogar em Portugal só seja realidade após 30 de junho do corrente ano, o que a ocorrer revelará respeito pelas restantes equipas nacionais. Seja como for, a fazer fé no que diz a notícia, o facto de já existirem contactos com atletas não vai ajudar a que o resto da época se desenrole com a necessária concentração para que os objectivos traçados sejam alcançados. Uma coisa é certa, todo e qualquer anúncio oficial por parte do SL Benfica irá ter repercussões (mesmo que inconscientemente) na prestação de todas as equipas até ao final da época em curso (alguém acredita que não existem contactos e que o SL Benfica - ou a quem transferiu a responsabilidade da criação da equipa - vai aguarda pelo final da época para abordar as atletas que lhe interessem? Eu não acredito). 

Também as atletas portuguesas que evoluem em equipas estrangeiras poderão negociar o seu regresso com outras vantagens. E falo destas porque podem ser possíveis contratações do SL Benfica, especialmente as que são internacionais, com provas dadas e enorme experiência competitiva (por exemplo, a Carolina Mendes, a Mónica Mendes, a Jéssica Silva ou a Raquel Infante. Não refiro propositadamente a Cláudia Neto dado que dificilmente conseguirá melhores condições do que as que dispõe atualmente ao serviço do Wolfsburg. É outro patamar). Qual é a equipa que não gostaria de ter algumas das melhores atletas portuguesas nas suas fileiras? O SL Benfica não será, certamente, exceção. Prevê-se que vá ser um defeso animado no que diz respeito ao futebol feminino.

Mas, a ver pelo exemplo da atleta confirmada e da outra possibilidade, o SL Benfica vai apostar numa equipa forte para entrar no Campeonato de Promoção (será apenas o cumprir da formalidade de iniciar na competição devida) pois acredito verdadeiramente que o objetivo imediato é poder competir na Taça de Portugal e defrontar, já na próxima época, o seu eterno rival, o Sporting CP. E se for na final, então teremos logo no inicio da época seguinte a Supertaça (isto considerando que o Sporting CP conquista a Liga Allianz de 2018/2019 e o SL Benfica alcança - e conquista ou perde contra o Sporting CP - a final da prova rainha na mesma época)... os primeiros confrontos serão antecipados ainda antes do SL Benfica alcançar a Liga Allianz e prometem muita emoção.

Só ainda não consegui foi encontrar qualquer informação sobre esta afirmação "será mantida a ligação às escolinhas e à formação, onde já existe no Clube a presença de jovens jogadoras, que no passado não tiveram uma solução de continuidade e que agora poderão apontar para um percurso que vise a alta competição"

Aguardemos por futuras movimentações (que serão estrategicamente anunciadas) mas que promete... promete!