quarta-feira, 6 de setembro de 2017

A final da Supertaça feminina pela perspetiva de uma adepta

Declaração de interesses: não pretendo realizar a análise da final da Supertaça feminina numa perspetiva técnico-tática. Não tenho qualquer ambição de comentar incidências desportivas mais do que na perspetiva de adepta incondicional do futebol feminino nacional. Posto isto...

O jogo a que assistimos no passado domingo não foi um bom jogo de futebol. Qualquer dos três jogos disputado anteriormente entre o Sporting Clube Portugal e o Sporting Clube de Braga foram melhores espetáculos. Aliás, tenho para mim que os próximos jogos entre estas equipas, o nível irá sempre diminuir. Os receios mútuos e a inegável vontade de vencer de ambas as equipas vai conduzir a jogos pouco atrativos, em que ambas se vão tentar anular mutuamente e os confrontos serão decididos em detalhes. Espero estar enganada!
Não confundamos não ter sido um bom jogo, daqueles que enchem os olhos dos adeptos com um jogo cuja emoção e incerteza do resultado final esteve sempre presente. São perspetivas diferentes! 
A disputa do primeiro troféu da época apresentou duas equipas em patamares completamente diferentes. O Sporting iria para o seu 4º jogo oficial e o Braga iria realizar o 1º. E o que eu vi, especialmente na 1ª parte foi um Braga melhor posicionado e confortavelmente a desenvolver o seu jogo, pautado pela Dolores bem secundada pelas restantes companheiras. Na retaguarda a Rute Costa era a última barreira e o Sporting viu-se "grego" para a derrubar. 
Ainda antes do 1º golo do jogo, o Braga teve uma oportunidade negada pela Patricia Morais com uma monumental defesa! Uma coisa é certa, ambas as balizas estavam bem trancadas!
O golo das Guerreiras surge de um livre magistralmente cobrado pela Dolores e finalizado de forma fulgurante pela Pauleta, antecipando-se às centrais do Sporting.
Não será justo dizer que até aqui o Sporting não existiu porque não é verdade. No entanto, as poucas tentativas para sair para o ataque terminavam invariavelmente com um passe menos conseguido ou pela antecipação de uma adversária. 
O golo não causou grande incomodo nas Leoas até porque já tinha acontecido o mesmo na final da Taça de Portugal e ainda o jogo não tinha 15 minutos.
O Braga mostrava-se, neste período, mais equipa enquanto o Sporting ia jogando por rasgos individuais... a dependência da velocidade e confronto um para um da Ana Borges na equipa do Sporting é cada vez mais evidente! Isso é mau? Não, mesmo que por algum impedimento esta não possa jogar acredito que o Sporting terá alternativa. 
Com o passar dos minutos, o Sporting começa a equilibrar as disputas a meio campo e a criar situações de embaraço através do tridente ofensivo sem contudo conseguirem preocupar em demasia a Rute Costa.
A 2ª parte começa com a ascensão do Sporting, a dar os primeiros sinais que queria mudar o resultado. Assistiu-se ao recuo do Braga, talvez fruto da menor condição física (o que será natural, o Sporting além dos 3 jogos da UWCL tinha mais 3 do torneio de Tenerife), que começou a revelar-se perigoso. O Sporting assume as rédeas do jogo, o Braga começa a não conseguiu sair com bola controlada do seu meio campo defensivo e vê-se obrigado a correr atrás da bola. A entrada da Edite parece-me que tinha como objetivo colocar alguma ordem no jogo do Braga e respeito na equipa do Sporting, dada a enorme experiência acumulada. Ganhou e fez faltas cirúrgicas mas não havia espaço para ameaçar a baliza da Patricia Morais. Com o passar dos minutos, começa-se a assistir ao festival de oportunidades falhadas pelas jogadoras do Sporting, algumas com muito mérito e responsabilidade da Rute Costa, outras por demérito das jogadoras do Sporting! A da Ana Leite deve ter trazido muito más recordações aos sportinguistas quando há duas épocas o Bryan Ruiz fez semelhante contra o SL Benfica!
Por altura da entrada da Ana Capeta, já o Sporting tinha disposto de várias oportunidades para não ter que colocar à prova o coração dos seus adeptos e reforçar a determinação do Braga em manter o resultado até ao final.
E como os jogos só terminam quando o árbitro apita, depois de tantas oportunidades desperdiçadas, o golo do empate surge de uma jogada de insistência da Ana Capeta, a suspeita do costume a desembrulhar os jogos contra o Braga.
E com este golpe de teatro mas mais que justo, o jogo iria ter 30 minutos adicionais do prolongamento.
E ainda bem que teve na perspetiva do adepto porque o melhor estava guardado. Não falo do resultado mas sim do fantástico remate da Laura Luís que embateu estrondosamente no ferro da baliza da Patricia Morais! Seria um golo de levantar qualquer estádio.
Depois deste enorme susto, só deu Sporting. Não só porque demonstrava maior disponibilidade física mas também porque o Braga claudicou animicamente após o golo sofrido ao minuto 92. 
O resto, bom o resto já se sabe como foi! A Ana Capeta e companhia limitada construíram o resultado final e o Sporting conquistou o primeiro troféu da época.
Se foi justo? Foi, o Braga recuou as suas linhas, começou a defender o resultado talvez cedo demais e arriscou muito pouco ofensivamente na 2ª parte. O Sporting, não desistiu, fez valer a sua melhor condição e frescura física, e o reforço anímico de ter empatado já em período de descontos.
Nota final para os pouco mais de 3400 espectadores presentes em Coimbra, um número aquém da expectativa mas antecipadamente previsível. Valeu, no entanto, os dados divulgados do interesse na transmissão televisiva, onde o prolongamento atingiu um pico digno de registo.
Sábado arranca a Liga Allianz e estes dois clubes assumem-se, naturalmente, como os dois maiores candidatos ao título.